terça-feira, 3 de agosto de 2010





   A história abaixo é inspirada na canção acima (Bohemian Rhapsody - Queen). Qualquer semelhança não é mera coincidência. Quem tiver interesse na letra e na tradução clique aqui



"O cheiro daquele líquido acobreado me hipnotizava. Minhas mãos tremiam, o que fazia aquela substância escorrer derradeiramente por elas. Meu corpo doía e eu presenciei todas as sensações possivelmente humanas de uma vez só. Dor. Raiva. Arrependimento. Angústia. Dor. Me encolhi e olhei para cima. O céu estava vazio e escuro, como minha alma. Enquanto aquele homem - que se reduziu a um corpo inanimado no chão - suplicava pela sua vida pensei em minha família, principalmente em minha mãe. Ela não tinha culpa disso. Eu que era o estúpido. O responsável por todas as dores dela. Se eu simplismente sumisse, a vida de todos ao meu redor seria muito melhor. Mas eu decidi pagar por tudo que eu fiz. Pagar com o juízo dos homens. O vento soprou e provocou arrepios na minha espinha. Decidi correr o mais rápido que pudia e ir embora dali. Meus pés não obedeciam o ritmo imposto pela minha cabeça e não custou muito até eu ir ao chão. Rolei no chão e chorei feito criança, como eu nunca tinha chorado em toda minha vida. Rapidamente as lágrimas se misturaram ao sangue que cobria quase todo meu corpo, formando uma mistura gosmenta na minha pele. Logo, estava deitado numa poça daquele líquido. Ouvi um pequeno assobio mas, preferi ignorar. O barulho foi ficando insistente até que eu decidi me virar. Prostrado ao muro, estava uma silhueta perfeita de um palhaço. Ele ria da minha cara e cuspia palavras quase inaudíveis. "Porco", "imundo", "você não irá embora". A sombra foi se aproximando até que um trovão rugiu no céu levando embora a "miragem" que eu acabara de ter. Levantei-me sobressaltado e caminhei lentamente sem direção. Vasculhei nos meus bolsos e achei um pequeno pedaço de papel quase intacto. Nele escrevi com sangue "Nada realmente importa pra mim, de qualquer forma que o vento sopre". E lançei-o ao ar selando meu destino por ali mesmo." 

Yara Borges

domingo, 16 de maio de 2010

"Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com chalatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece.
(Clarice Lispector)

E é esse o pensamento do dia. Acredite em você mesma. Seja sempre você. Não mude pra agradar ninguém e nem para passar uma imagem boa de você. Finalmente me dei conta - tarde demais - do que eu estava me tornando. Recebi duas bombas hoje que me deixaram pensando se realmente eu era coerente com meus pensamentos. Atos falhos a parte, descobri que não posso ser perfeita. Me engulam do jeito que eu sou.

Antes de terminar de escrever esse post recebi uma bomba, hm. Três agora. Realmente é para eu tomar vergonha na cara. Muita!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ainda sem título, rs

“I don’t wanna close my eyes, I don’t wanna fall asleep, ‘cause I’d miss babe, and I don’t wanna miss a thing”. Grossas lágrimas escorriam da bochecha corada dela. Com uma pancada, o rádio desliga. Senti que aquela música a deixou triste. A mim também. Era a trilha sonora da nossa história. Hoje nem eu nem ela conseguíamos escuta-la sem chorar... Não necessariamente no meu caso. Descemos do carro. O porteiro, que ficou sabendo da notícia a pouco, abre a porta e balbucia um “meus pêsames” quase inaudível. Acho que nem ela conseguiu ouvir. Subimos o elevador num irritante silêncio. Queria ouvir a voz dela enquanto ainda podia. Num piscar de olhos já chegávamos ao apartamento. A caixa de mensagens estava cheia. Mas para ela não importava. Com um baque surdo, se jogou no sofá e permaneceu por ali. Silêncio, a não ser pelo tique-taque insistente do relógio. Quanto mais o tempo passava, mais eu me perguntava o quanto agüentaríamos. De repente, um súbito grito quebra o silêncio. É ela. As palavras eram praticamente cuspidas da sua boca: “Deus, porque o Senhor é tão injusto? O que eu fiz de errado?”. Minha primeira reação foi de querer abraçá-la. Mas me controlei. Apenas sussurrei: “Querida, não se martirize, as coisas ruins acontecem para qualquer um...”. Silêncio novamente. Até que ela se levantou do sofá e foi à cozinha. O cheiro familiar de café invadiu minhas narinas. Eu poderia passar a eternidade apenas observando-a. Sentei-me à mesa sem fazer nenhum barulho, não queria assustá-la nem atrapalhar aquele momento de aparente calma. Como não ama-la? Tão doce e amorosa. Ao ponto de esconder sua tristeza para não deixar os outros à sua volta preocupados. O tempo foi cruel com nós. Dois jovens na flor da idade com sonhos, anseios, objetivos, carreiras sendo estruturadas. Até que de um dia para o outro, tudo desmorona. Se eu pudesse ao menos mostrar a ela que está tudo bem... O telefone toca. Lentamente, ela sai do seu transe e tira o telefone do gancho. “Oi, não sei quem é, mas liga depois.”. Bem do jeito dela mesmo. Coloca o telefone na base novamente e volta à cozinha, onde deixa a xícara e caminha até o banheiro. Como de praxe vou atrás dela. Ela fecha a porta e logo em seguida, liga a banheira, tirando suas roupas bem devagar como se removesse pedaços da sua própria pele. O vapor começa a subir e ela imediatamente entra na banheira. O contato da sua pele nua com a água quente causa um instantâneo arrepio no seu corpo. Ela fecha os olhos e lágrimas novamente marcam sua face. Aquela cena me deixou com vontade de chorar. Um martelar na minha cabeça, avisa que o meu tempo está acabando. Chego bem perto dela e digo: “Querida, não há distância que separe dois corações que batem na mesma freqüência. Agüente firme, eu te amo” Um tímido sorriso brota dos seus lábios: “Eu sei, vá em paz, te amo”. Observo-a rir e chorar ao mesmo tempo até me reduzir à apenas um ponto de luz. Minha missão estava cumprida.

(Yara Borges)

terça-feira, 2 de março de 2010

Rosa de Hiroxima

"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Mas oh, não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpidas inválidas
A rosa com cirrose
A antirrosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada"


(Vinicius de Morais)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Loucos São Poucos

(02:03) @yarabgs: honey, nem eu me entendo
você não é a primeira nem a ultima pessoa a dizer que n consegue me decifrar
(02:04) @yarabgs: porque eu decifro os outros facilmente, só n conto para eles
(02:04) @yarabgs: nunca encontrei uma pessoa com uma barreira inutrapassável
(02:05) @yarabgs: e se eu encontrar será motivo de profunda cautela, supresa mas busca, busca por saciar minha curiosidade
e ápice de paixão
(02:06) RAIAN ک†®ØNÐå² ♔: hân naun entedir nada agora ushaushauhsus
vc eh lokaaa
(02:10) @yarabgs: eu sei
é normal as pessoas que não compreendem as outras dizerem que as outras são loucas
é muito mais fácil.

Desci do salto e fiz a louca com meu primo, que por incrível (ou não) que pareça, estava do meu lado na hora que eu estava digitando, mas esquece. Só queria colocar isso aqui e concluir meu pseudo discurso.
Não quero dizer paixão daquele tipo de sentimento carnal. Só quis fazer uma comparação com o meu feeling da hora. Eu acho tão interessante pessoas inutrapassáveis, e melhor ainda quando elas sabem disso. Tenho muita vontade de conversar com uma pessoa cabeça que fale sobre trivialidades, mas de maneira madura. Esses impenetráveis são pessoas misteriosas, que geralmente são escrachadamentes chamadas de loucas e como eu disse anteriormente, é normal, uma barreira do ser humano isso. Da Vinci era louco, os cientistas são loucos, todos que contestam algo tachado como "correto" pela sociedade, são loucos. Todos que expoem sua forma de pensar de forma diferente também. E é difícil ser um adolescente pensando desse jeito. Para não repelir as pessoas, ajo às vezes de forma equitativa à minha idade. Imatura. Mas não digo que gosto, uma das ínfimas qualidades (ou defeitos) que eu odeio é essa, ser alguém que eu não sou para agradar os outros, chega de agradar os outros. Não se esqueça que ninguém muda para agradar você, isso não existe. Eu mudei para agradar a mim também. Às vezes até eu mesma não me compreendo. Mas sei lá, como diz a Lena, temos medo de dar nossa cara a tapa, e reprimimos coisas que gostaríamos de fazer, mas a sociedade tem que aprender que se você não der a cara a tapa, para os outros te julgarem, você nunca vai aprender. Ou algo assim. Não sou boa para gravar textos de uma vez só. Foi o que eu entendi.

See ya, Yara.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Linguagem Universal

Voltei, ufa!
Eu estava confabulando coisas aqui uma vez - meus famosos devaneios pré-sono - e pensei "poxa, porque todo mundo não podia falar uma lingua só?". Dizem que Deus confundiu o homem na torre de babel (não sou 100% crente em Deus, isso é o que eu sei) e ainda continuamos a mesma coisa.
Mas Yara, é uma questão de cultura, ninguém vai querer perder sua identidade. Mas é uma questão de igualdade. De igualar. Vai facilitar nossa comunicação. Fora não precisar ter que aprender outras linguas para se comunicar com alguém de outro país. Mas, quem sou eu para questionar algo? O primeiro grito de repressão à algo resistente é facilmente calável. Talvez a minha leitura não concluída de "O Código da Vinci" (Dan Brown) tenha me estimulado a cutucar - digamos - essa pequena escara mas que me importuna. Não só a mim, mas acredito ou melhor, eu espero que outras pessoas também pensem assim. Estupidez. Ou sei lá, uma conspiração... Viajei legal agora, overdose Vinciana. Bom, vou me recolher a minha preciosa obra ilustrada ganhada com muita luta e alucinar possíveis teorias para o por quê da mistificação linguistica.
See ya, Yara