terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Plié da sociedade

Oi pessoal!
Bom, para começar, preciso explicar o sentido do meu título. Eu faço balé, e o plié é um movimento em que crescemos o corpo totalmente e flexionamos os joelhos. Mas o que isso tem a ver? Iremos chegar lá.
O tema abordade hoje será a alusão à sociedade para com a AIDS. Eu estava na rua e vi um pequeno outdoor, daqueles de chão, que me deixou intrigada. Nele tinha escrito "Ele tem AIDS, ela sabe" ou algo parecido e um casal beijando-se. O porquê do "plié", é que a sociedade se "prepara" totalmente para a AIDS, mas logo depois digamos que "desce" e se mostra hipócrita e preconceituosa.
Atualmente, a AIDS(Acquired Immunodeficiency Syndrome, em bom português, Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença que não tem cura. Os pacientes tomam uma série de medicamentos afim de amenizá-la e torná-la menos desagradável. Mas uma das coisas que realmente faz diferença para mim é a maneira de como a sociedade vai aceitá-la.
Muitas campanhas falam da introdução do aidético, mas não mostram claramente que pode existir contato sim, pode existir romance, envolvimento. E é isso que faz com que eles se sintam normais. Não que eles não sejam. Mas isso os faz encararem de uma forma muito melhor a doença. Eu fiz uma pequena crônica falando de uma jovem aidética. Hope you enjoy!
"20 de setembro de 2007
Positivo, aquela palavra me fez tremer. Já era a décima vez naquele dia que eu lia a maldita carta que parecia queimar na minha mão para pedir atenção. Lágrimas quentes e finas escorreram pelas minhas bochechas ruborizadas do frequente choro. O que eu iria dizer a minha mãe? Vergonha. Ela ia me repreender, capaz até de esquecer que eu existo. Calma Maria, não pense nisso ainda. Ok, não tinha mais jeito de eu voltar no tempo. A merda já estava feita. Tudo isso por um dia de diversão... Onde eu estava com a cabeça? Me encolhi em posição fetal no colchão. Daqui a alguns anos eu poderia não ser capaz de fazer isso. Era impossível descrever a sensação que tomava conta do meu corpo. Confusão. Uma dor pulsante no peito fazia com que eu não me esquecesse do momento pelo que eu estava passando. Peguei o telefone na cabeçeira ao lado e liguei para a Jéssica. Chama e ninguém atende. Ótimo. Eu ia ter que aguentar isso sozinha, ser forte, seja forte Maria... Mas eu não era. Eu era como uma presa jogada no meio dos lobos, sem reação e sem ter como fugir. Eu não sabia o que fazer e, sinceramente, era a primeira vez que isso acontecia na minha vida. Fui até a cozinha certa da minha decisão. Eu tinha que por um ponto final nisso. Eu não ia sofrer, meus amigos não iam sofrer, ninguém ia sofrer. Abri a gaveta dos talheres e após alguns soluços estava com a faca no meu pulso. Parafraseando uma autora famosa entre os jovens "eu nunca pensei em como iria morrer, mas morrer no lugar de alguém que amo parece ser uma boa forma". Ou algo parecido. O frio da lâmina cortando a minha carne arrepiou a minha pele. Pensei em deixar um bilhete para minha mãe. Seria digno? Não. Nem morrer como uma covarde. Corri para o banheiro e cobri a ferida que ardia com alguns tufos de algodão. Eu optei por lutar. Era a única maneira de erguer a cabeça e enfrentar as adversidades. Me encarei no espelho e num pequeno devaneio, gritei: "Eu sou forte!". Ri do meu momento de loucura. Já é um bom começo."

See ya,
Yara.

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